quinta-feira, 30 de junho de 2011

Liberdade e Valores: Apresciação crítica a partir do artigo “O Paradoxo do Homem como Liberdade no Exitencialismo de Sartre” de Clea Gois


Márcio Luiz de Oliveira

Em seu artigo “O Paradoxo do Homem como Liberdade no Exitencialismo de Sartre”, Clea Gois desenvolve e comenta os principais coneitos da filosofia sartreana: “em-si” e “para-si”, liberdade e responsabilidade; tendo em vista a liberdade e os valores.

O ponto de partida para qualquer reflexão em Sartre é o postulado basilar do existencialismo: “A existência precede a essência”. Ou seja, a medida que vivemos damos sentido a vida e não o contrário. O ser está no mundo, ele é o “em-si”, o objeto. O “para-si” é a consciência que, a todo tempo significa o em-si e o resultado dessa dialética é o “nada”, isso, pois, a cosnciência reconhece que o objeto não tem essência, que ele é um nada, mas ao mesmo tempo lhe confere sentido. Esse movimento dialético produz o que Sartre chama da “náusea”, que é que a angústia de viver no mundo sem essência e ao mesmo tempo, a cada dia ter que dá significado a vida.

Na filosofia de Sartre essa ontologia tem claro objetivo de culminar em uma ética radical da liberdade: “O homem está condenado a ser livre”. A liberdade não é algo que o ser humano possa escolher ou conquistar, mas é a próprio “modus vivendis” do ser-no-mundo. O paradoxo está justamente nisso, “nós estamos perpetuamente ameaçados de nulificação da nossa escolha atual, perpetuamente ameaçados de escolhermos ser, e portanto torna-mo-nos diferentes do que somos”, diz Clea no texto. É na liberdade que está a possibilidade de tudo, inclusive dos valores. Assim, a liberdade não é mais um valor, mas a possibilidade de todos os valores. Nada pode ser dito “inumano”, pois o ser humano é responsavel por tudo o que faz em sua liberdade, a qual ele não pode fugir, a qual ele está condenado.

Então, é possivel uma axiologia em Sartre? Só se essa implicar para a responsabilidade do homem frente a vida e os acontecimentos! Um ser humano livre e responsável e, por isso, angustiado, inquieto com sua situação, a do outro e a do mundo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Realengo Educacional de Sangue

 (Sob espanto e solidariedade as crianças de Realengo)

A professora começou a escrever no quadro
eram de sangue as letras que o gís deixava
As crianças ficavam com medo
Vocês já sabem morrer
é preciso aprender a viver
As torneiras, o balde que lavava o chão
o copo d'água da sala da diretora
tudo virou sangue
O colégio era de outra cor
mas agora é vermelho
tudo se converteu em sangue
e pouco a pouco a cor escarlate
tomou o corpo de todas as pessoas daquele lugar
Corpos de gritos e furos andam correndo
descendo as escadas
Todos carregam suas cabeças nas mãos
O bebedouro, as garrafas da geladeira
a água da mangueira do jardim
tudo virou sangue

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Livro Didático de Filosofia? Será?

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A filosofia vai voltar, na prática, para o conteúdo curricular dos alunos de ensino médio, depois de 47 anos fora dos currículos das escolas de educação básica no país. No ano que vem, as escolas da rede pública receberão pela primeira vez, desde a ditadura, livros didáticos da disciplina para orientar o trabalho dos professores. Foi o regime militar que baniu a filosofia das escolas.

Em 2008, uma lei trouxe de volta a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias para os estudantes do ensino médio. A professora Maria Lúcia Arruda Aranha ensinava filosofia em 1971 quando a matéria foi extinta pelo governo militar. Hoje, é uma das autoras dos livros que foram selecionados para serem distribuídos aos alunos da rede pública pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

“Ela desapareceu [a filosofia nas escolas] na década de 70 e reapareceu como disciplina optativa em 1982. Mas, nesse meio tempo, eu continuava dando aula em escola particular. A gente ensinava, só que o nome da matéria não podia constar como filosofia”, lembra.

Ela avalia que o país “demorou demais” para incluir as duas disciplinas novamente entre as obrigatórias e ainda falta “muito chão” para que elas sejam ministradas da forma adequada. Ainda faltam professores formados na área já que, por muito tempo, não havia mercado de trabalho para os licenciados e a procura pelo curso era baixa. Em 2009, 8.264 universitários estavam matriculados em cursos superiores de filosofia – 78 vezes menos do que o total de alunos de direito.

Muitas vezes são profissionais formados em outras graduações como história ou geografia que assumem a tarefa. Os livros didáticos devem ajudar a orientar os docentes no ensino da filosofia. “O livro é muito importante porque dá uma ordenação do conteúdo e propõe como o professor pode trabalhar os principais conceitos, como o que é filosofia e a história da filosofia. Mesmo o aluno formado na área, às vezes, não está acostumado a dar aula para o ensino médio, não tem dimensão de como chegar ao aluno que nunca viu filosofia na vida”, explica.

A história da filosofia, as ideias dos principais pensadores como Platão, Kant e Descartes, servem de base para ensinar aos jovens conceitos básicos como ética, lógica e política. Mas Maria Lúcia ressalta que é muito importante conectar o conteúdo com a realidade do aluno para que ele “aprenda a filosofar”.
“O professor deve apresentar o texto dos filósofos fazendo conexões com a realidade daquele tempo em que o autor vive, mas também estimular o que se pensa sobre aquele assunto hoje. Isso desenvolve a capacidade de conceituação e a competência de argumentar de maneira crítica. Ele aprende a debater, mas também a ouvir”, compara.

Edição: Lana Cristina

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-04-03/banida-das-escolas-desde-ditadura-filosofia-vai-ter-livros-didaticos-distribuidos-na-rede-publica-em-

segunda-feira, 28 de março de 2011

Carta à Menina Esperanza ou Poema à Pe Comblin Vivo


Esperanza, menina assobradiça
onde você foi se perder?
Os viventes agora estão mortos
Nós moribundos também adentraremos a cova vazia
Você Esperanza
sabemos das violências de seu corpo
que os hoemens usaram você
Tem medo de voltar

Quando aqui estavas
eramos criança
e brincavamos de dominar o mundo
para depois salvá-lo de nós mesmos
Agora você se escondeu
e a memória só temetrouxe
porque outra vez a morte veio falar de seus feitos
que está sobrecarregada
que mandou te procurar
é por isso que esrevo esta carta
no corpo da terra, na carne do povo
para que ouça e esteja aqui outra vez

Menina Esperanza
cante algo para nós dormimos
não dormimaos há anos por causa dos gritos de mães
acenda o candeeiro, a noite não quer se apagar
No escuro os papeis são deixados nas gavetas
e a criança não consegue achar a comida
Esperanza, seja
meu coração já não é o mesmo
e um ataque cardíaco agora
seria temeroso precoce para quem ainda não aprendeu a morrer

Morre um Teólogo: Padre José Comblin

Pe. Júlio César Santa Bárbara
            

Nascido em Bruxelas, na Bélgica, em 1923, Comblin foi ordenado padre em 1947. Fez doutorado em teologia pela Universidade Católica de Louvaina e chegou ao Brasil em 1958. Em Recife, a convite de dom Helder Câmara, foi professor no Instituto de Teologia do Recife.

Lamentamos profundamente a morte de Padre Comblin. Ele amou a Igreja e essas terras brasileiras. A sua obra teológica é muita vasta. Sempre fez críticas fortes ao caminhar da Igreja, não como alguém de fora ou que não tivesse amor, selo e compromisso com a Igreja. Com certeza não dá para dizer isso de Coblin.
             
Por ocasião da sua morte, chama a nossa atenção o depoimento de Pe Oscar Beozzo: “Perdemos um  mestre e um guia inquieto e exigente como os velhos profetas, denunciando sempre nossas incoerências na fidelidade aos preferidos de Deus: o pobre, o órfão, a viúva, o estrangeiro. Trabalhou por uma Igreja profética a serviço destes últimos nas nossas sociedades”.
            
Assim, para além de dissensões e conflitos teológicos, nós queremos render graças a Deus pela vida de Padre José Comblin; queremos louvar a Deus pelo profícuo ministério sacertodal e teológico deste belga. Como é bonito perceber o coração generoso e a alma grande de tantos missionários que deram e dão a sua vida “pelos outros”, nestas terras que também Deus fez a sua morada, neste imenso continente chamado Brasil com tantas cores, ritmos e gingados.
           
Impressiona o modo como morreu o padre José Comblin. Ele acordou cedo, como sempre. Um sinal de prontidão ao projeto de construção do Reino. Ele de fato foi um “operário do Reino de Deus”. Aprontou-se e foi encontrado sentado e morto. Chegou a sua hora! “Venha bendito de meu pai”.
             
Padre Comblin era homem exigente, intelectual, um “buscador”. Isto nos anima na procura de ulteriores conhecimentos bíblicos e do nosso patrimônio teológico. Além disso, Comblin revelava uma leitura muita perspicaz de mundo. Um estudante de teologia, seja seminarista, padre, religiosa ou leiga, necessita lançar um olhar de fé para a nossa realidade, ao passo que também deve se deixar interpelar por este mundo, que não é só “vale de lágrimas” e que traduz os desígnios de Deus. Por tudo isso: Obrigado, Senhor!

Na expectativa da beatificação de Ir. Dulce, nossa querida santa baiana...


Pe. Júlio César Santa Bárbara
Padre da Arquidiocese de Feira de Santana
Pastor da Paróquia São José Operário

sexta-feira, 25 de março de 2011

A Maldição da Festa da Morte


Tem uma história de um povo antigo de lugar nenhum que conta que um grupos de jovens aventureiros um dia encontraram-se com a Morte. Algo encheu a Morte de ciúme. Os jovens são capazes de tudo! E limitada a morte, só podia fazer morrer, armou uma cilada para eles! Disfarçada, ela os convenceu entrar numa festa, ao final todos embriagados, enlouquecem e matam uns aos outros; assim, a terrivel algós assimila sua juventude para enganar mais jovens. Contudo um dos jovens sobrevive, acorda, engana a Morte e sai da festa macabra. Essa é a maldição da Festa da Morte.

Pelo visto na Cidade Princesa a morte anda trabalhando bastante, são 34 jovens assassinado só esse mês. Jovens morrem todo dia nesta cidade. Eles entram na "festa da morte" por inúmeras portas: drogas, crime organizado, crime desorganizado, prostituição... A esteira da marginalidade é infinita, mas sem dúvida o grande anfitrião desta festa é o Crac, que antes de matar corrompe, deforma, animaliza, desumaniza. 

O prefeito da Cidade Princesa conhece a lenda da Festa da Morte é por isso que ele não dá a mínima para os jovens e jovens pobres deste município. Acho até que ele tem algum tipo de acordo com a Morte. quem sabe  convidade de honra de sua festa sangrenta. Pensem bem: menos jovens, menos gastos com educação, com saúde, com lazer; e para onde vai o dinheiro disso tudo? Que, certamente vem, com vem para todos os municípios... O gato comeu!

A morte vai levar em frente sua maldição. O prefeito, também, sua corrupção. Nós caminhamos sobre poças de sangue, meus chinelos estão sujos, não limpa mais, talvez quando o sangue chegue a cintura comecemos a gritar que há algo errado... Tem algo errado? Vamos para festa!

Escarlate

Não entendo sua linguagem
talvez, a mim, você não persuada
Não se preocupe, o trem vem
Tô só passando o tempo

Alguns de todos já sabem
é só passar a maresia do pensamento
As ratazanas vão subir dos esgotos
e infectar o copo de leite
dos seguranças de condomínio

Mão escarlate
onde passam deixam uma digital
Identidade
Carteira de identidade no chão
perdida por vontade própria

Minha mãe é costurira
recolhe retalhos
Uma linha para esse século
A virgem já pariu
mas a menina foi roubada no berço