(Sob espanto e solidariedade as crianças de Realengo)
A professora começou a escrever no quadro
eram de sangue as letras que o gís deixava
As crianças ficavam com medo
Vocês já sabem morrer
é preciso aprender a viver
As torneiras, o balde que lavava o chão
o copo d'água da sala da diretora
tudo virou sangue
O colégio era de outra cor
mas agora é vermelho
tudo se converteu em sangue
e pouco a pouco a cor escarlate
tomou o corpo de todas as pessoas daquele lugar
Corpos de gritos e furos andam correndo
descendo as escadas
Todos carregam suas cabeças nas mãos
O bebedouro, as garrafas da geladeira
a água da mangueira do jardim
tudo virou sangue
Nenhum comentário:
Postar um comentário